24 de julho de 2014

Rubem Alves (1933 - 2014)

"Minha filosofia pode ser resumida em duas frases latinas: "Tempus Fugit": o tempo foge, passa, tudo é espuma... E "Carpe Diem": colha cada dia como um fruto saboroso que cresce na parede do abismo. Colha hoje porque amanhã estará podre.
Sonho em ter tempo para aprender a vagabundear.
Essas são palavras que Rubem Alves utilizou em sua descrição no site de seu instituto. Pedagogo, poeta e filósofo, cronista do cotidiano, contador de histórias, teólogo, acadêmico, autor de livros para crianças, psicanalista, Rubem Alves foi um importante nome para a Literatura Brasileira.
Leio na Rede, Gaby Monteiro
Foto: Instituto Rubem Alves

Nascido no dia 15 de setembro de 1933 em Dores da Boa Esperança, uma cidade do interior de Minas Gerais, o escritor foi criado em meio a uma família protestante e mudaram-se para o Rio de Janeiro, após seu pai ficar pobre e tornar a enriquecer. No Rio, o sotaque mineiro foi motivo de chacota entre os colegas e Rubem se encontrou na solidão, sem amigos, sendo acolhido na religião. De acordo com o mesmo “Religião é um bom refúgio para os marginalizados”.

Após concluir o Seminário Presbiteriano do Sul, famoso seminário evangélico da América Latina, Alves tornou-se pastor de uma comunidade no interior de Minas, onde conheceu sua esposa Lídia Nopper, com quem teve três filhos: Sérgio, Marcos e Raquel.

Leio na Rede, Gaby Monteiro

O pastor percebeu que sua ousadia evangélica dificultaria seu caminho e em 1963 viajou para Nova York para fazer pós-graduação. O Golpe Militar em 1964 o atinge na véspera de sua conclusão de mestrado. Rubem voltou à sua paróquia em Lavras onde a mulher e os filhos estavam. 
Durante a Ditadura Militar foi acusado de ser subversivo e listado injustamente dentre os pastores procurados pelos militares. Foi nesse período que foi convidado para fazer um doutorado em Princeton, Estados Unidos.
Leio na Rede, Gaby Monteiro

Ficou exilado durante 4 anos, voltou ao Brasil, despediu-se da Igreja Presbiteriana, vivenciou o desemprego e começou a lecionar na Faculdade de Filosofia de Rio Claro até 1974. Depois foi para o Instituto de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas e aposentou-se em 1990.
Rubem Alves possuí uma bibliografia com mais de 120 títulos, sonhou em ser músico, mas de acordo com o próprio autor os deuses tinham outros planos para ele. "Gosto de brincar com palavras. Por isso sou escritor. Escritores e poetas são meus companheiros.”
Leio na Rede, Gaby Monteiro

O escritor também tinha fortes opiniões sobre a educação, como sua fala na foto acima. Para ele, o sistema do vestibular não é o melhor e afirma que se os reitores das universidades fizessem o vestibular, não passariam. E questiona por que os jovens têm a obrigação de passar nesse exame.
O educador faleceu no último sábado (19) devido à falência múltipla de órgãos. Segundo o Centro Médico de Campinas, o escritor deu entrada no hospital com quadro de insuficiência respiratória, consequência de uma pneumonia. Ele estava internado desde o dia 10 de julho. O velório foi feito na Câmara dos Vereadores de Campinas.
Em um dos seus últimos textos para o Jornal Folha de São Paulo, Rubem afirma “Odeio a ideia de morte repentina, embora todos achem que é a melhor. Discordo. Tremo ao pensar que o jaguar negro possa estar à espreita na próxima esquina. Não quero que seja súbita. Quero tempo para escrever o meu haikai.”

Só nos resta agradecer por suas contribuições para a literatura e aprendermos com seus ensinamentos.
Para ler o texto “Sobre o morrer” na íntegra, clique aqui.
Para ler algumas de suas crônicas, clique aqui.
Fontes consultadas:

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