Entrevista: Graciela Mayrink

Na Bienal do Livro de MG de 2014 encontrei a escritora Graciela Mayrink, autora dos livros Até Eu Te Encontrar e A Namorada do Meu Amigo, e gravamos uma entrevista. Infelizmente, o vídeo deu problema, mas transcrevi as perguntas e as respostas e agora, um bom tempo depois, a entrevista chega até vocês. Espero que gostem!

Foto: Divulgação

Leio na Rede: Você formou em agronomia e depois ingressou para o mundo literário, como foi essa transição?

Graciela: Quando entrei para a faculdade em Viçosa, comecei a escrever muito. Antes, eu escrevia  mais poemas e versos e na faculdade comecei a escrever histórias. Ficava muito sozinha, estava longe dos familiares, então escrevia histórias grandes. A transição foi automática. Saí da faculdade e acabei não trabalhando na minha área de formação, então acho que era algo que já estava mesmo no meu caminho.

Leio na Rede: Você fez a faculdade em Viçosa, e a personagem Flávia do livro Até Eu Te Encontrar também cursa em Viçosa. Você pegou sua experiência e transferiu para Flávia?

Graciela: Eu peguei a experiência da cidade, dos lugares. No livro, descrevi a Viçosa da minha época. Voltei à cidade ano passado e já está bem mudada, o Leão, que é o bar que os personagens frequentam, era todo aberto, assim como descrevi no livro, agora ele é todo fechado. Peguei a experiência do dia a dia na faculdade e das saídas à noite. Mas o que aconteceu com a Flávia não aconteceu comigo.

Leio na Rede: Outro ponto importante de Até Eu te Encontrar é a Wicca, de onde ela surgiu?

Graciela: Eu sempre gostei muito de coisas de bruxas, tem um filme mais antigo que adoro que é Jovens Bruxas, leio vários livros também, sou apaixonada pela lenda do Rei Artur e do Merlin. Sempre gostei dessa coisa mágica, quando era mais nova fazia simpatias, nunca funcionava nada, mas estava sempre fazendo. Antes de começar a escrever Até Eu Te Encontrar, estava lendo os livros da Anne Rice, que cito em minha obra, e gostei da magia e de como ela faz as mulheres serem fortes. Eu sabia que faltava alguma coisa no Até Eu Te Encontrar, não queria que fosse só um romance, assim descobri a Wicca. Passei meses pesquisando sobre a Wicca para entender e fazer algo bem real. Muita gente me pergunta se eu pratico a Wicca, eu não pratico, mas estudei para que não ficasse algo forçado, queria que a magia da Wicca fosse real, porque a história é real, os personagens são reais, então esse ponto também deveria ser.

Leio na Rede: No livro A Namora do Meu Amigo quem narra é o Cadu. Como foi dar voz a um personagem masculino?

Graciela: A princípio fiquei meio temerosa, com medo de não conseguir. Pesquisei bastante, li vários livros narrados por garotos e escritos por autores homens para poder dar uma voz real para meu personagem. Eu gostei bastante de escrever na voz masculina. O retorno está sendo bem positivo, até quem não gostou do livro fala que parecia um homem narrando e isso já me deixa feliz e realizada, porque é necessário dosar para narrar como um garoto, mas sem deixar ser aquele cara idiota. Ele já meio cafajeste por gostar da namorada do amigo, então tem que ser uma coisa que faça que mesmo quem não goste tanto dele, não abandone o livro.

Leio na Rede: Como surgiu a ideia de A Namorada do Meu Amigo?

Graciela: Eu gosto de histórias que envolvam a amizade e quis fazer uma onde uma grande amizade pudesse ser abalada por um outro sentimento, que no caso escolhido foi o amor. Espero ter conseguido passar o que queria para o papel. A ideia inicial foi em cima dos Três Mosqueteiros, que amo. O lema deles (Um por todos, todos por um) caía como uma luva para minha história, então usei do artifício de três amigos inseparáveis.

Leio na Rede: Na sua adolescência você lia muito?

Graciela: Lia, desde pequenininha sou uma leitora voraz.

Leio na Rede: Quem você admira no meio literário?

Graciela: Fernando Sabino, Luis Fernando Verissimo, Anne Rice, Bernard Cornwell, Nick Hornby, Harlan Coben, John Grisham e Nicholas Sparks. Da nova geração, admiro vários: Bianca Carvalho, Christine M., Tammy Luciano, Maurício Gomyde, Lu Piras, Patricia Barboza, Paula Pimenta, André Vianco. Espero não ter deixado ninguém de fora (risos).

Leio na Rede: Existe algum personagem que você gostaria de ter escrito?

Graciela: Eu gostaria de escrito o Lestat, da Anne Rice. Ele é um personagem muito bom, ao mesmo tempo que ele é vilão, você torce por ele. Ele é todo arrogante, se acha, mas você não consegue odiá-lo. Achei fantástico.

Leio na Rede: O que os leitores podem esperar de novidade?

Graciela: Em 2015 tem livro novo, no mesmo estilo dos anteriores, talvez um pouco mais sério. Acho que esgotei minha veia cômica em A Namorada do Meu Amigo (risos). Estou com outros projetos em vista, mas, por enquanto, não posso divulgá-los.

Leio na Rede: Por fim, uma dica para os jovens escritores.

Graciela: Leia muito, de tudo, o tempo todo. É importante que o escritor leia, quanto mais você lê, melhor você escreve. Mas, se você que está lendo esta entrevista não quer ser escritor, também leia, vale para todos. E para os futuros escritores, não tenham pressa. Hoje, o novo autor está com muita pressa para escrever e para publicar, e um bom romance nunca será escrito em uma semana ou um mês, é necessário tempo. As pessoas querem escrever para ontem e publicar para ontem, não é assim… Eu demorei dois anos para conseguir publicar, mais dois anos para relançar. O mundo literário é para quem tem paciência, as coisas acontecem devagar, não é nada da noite para o dia, então pense bastante antes de fazer sua carreira, para não se atropelar e acabar levando um não em uma hora que não era para você desistir.

Mais uma vez obrigada Graciela por topar fazer a entrevista e em uma futura ocasião tentamos uma outra entrevista em vídeo!

Não deixem de ler os livros da autora:

Até Eu Te Encontrar

A Namorada do Meu Amigo