14 de junho de 2015

Entrevista: Adelina Barbosa e Fernanda Medeiros - Parte 1

A entrevista de hoje é com a Adelina Barbosa e Fernanda Medeiros, autoras de Triângulo de 4 Lados.

Leio na Rede, Gaby Monteiro
Fernanda Medeiros e Adelina Barbosa

1 - O que motivou vocês a serem escritoras?

Adelina: Não sei dizer ao certo. Eu gostava muito de ler e sempre inventava mil histórias na minha cabeça, mas não escrevia. Qualquer coisa podia virar uma história. Se eu estava andando pela escola e via um casal dando as mãos eu já podia criar todo um drama em volta daquilo. Mas só aos 13 anos eu comecei a escrever e, como era uma comunidade pequena e com muitos usuários ativos, eu fui muito bem recebida. E isso me motivou a continuar escrevendo. E, bem, eu gostei e não quero parar nunca mais rs. É quando eu me sinto bem… Escrevendo. Eu gosto de passar o dia imaginando a história, pensando no que vai acontecer e das mudanças pelas quais a história passa. Como ela se desenvolve e como ela vai se desenrolar.
Fernanda: Se eu te dissesse que sei o que me motivou, estaria mentindo. Como qualquer criança, eu sempre fui muito imaginativa, gostava de criar histórias mirabolantes na cabeça e as interpretava com meus brinquedos. Até que descobri as palavras, e elas fluíam fáceis. Comecei a escrever em cadernos da escola, depois passei para o meu primeiro computador. E é o que eu faço até hoje. Não sei, acho que quando escrevo, me sinto como aquela menina meio sozinha que escrevia para extravasar a imaginação fértil. Acho até engraçada essa alcunha de escritora, autora. Eu sou só uma pessoa com algumas ideias e umas palavras que se juntam na cabeça e enchem folhas em branco. Meu desejo é poder compartilhá-las com o mundo ao meu redor. Minha satisfação é ver alguém se emocionar com algo que eu escrevi. Minha gratidão surge quando vejo alguém sorrir por causa disso.

2 - Como surgiu a história de Sara?

Adelina:  : Então, isso foi há muito, muito tempo, quando eu tinha 13 anos e estava viciada em Fanfics e Linkin Park (Mike Shinoda s2).  Eu e a Fê nos conhecemos em uma comunidade do Orkut, a FanFiction – LP e foi lá que postamos as nossas primeiras fics. Aí aconteceu que, apesar de eu amar o Mike Shinoda, estava conformada em não ter ele para mim, já que ele era casado e parecia ser feliz com a esposa e tudo mais -Eu era dessas-. Então, me conformei em me casar com o irmão dele, o Jason. Que, apesar de não ser tão lindo quanto o Mike, também tinha um sorriso muito fofinho -e eu estaria perto do Mike. Era o que importava-.

Estava tudo bem pra mim. É sério.
Por causa dessa minha história, resolvi fazer uma fanfic com Mike e Jason, onde a personagem principal era o Jason ao invés do Mike, que era o protagonista mais utilizado pelas meninas na comunidade. Assim surgiu a primeira versão de Triângulo de 4 Lados. Só que eu escrevia de qualquer jeito, e meio que larguei a história. O final dela não ficou do jeito que eu queria.
Alguns anos depois, eu vi a Fê online no MSN (falecido), perguntei se ela queria rescrever a história comigo e ela topou. Pegamos só a ideia inicial e começamos a rescrever como fanfic do Avenged Sevenfold. E assim surgiu a segunda versão de Triângulo de 4 Lados. Até que um amigo meu nos deu um toque para que tentássemos publicar como um livro, e aí veio a Triângulo de 4 Lados 3.0.
A personagem da Sara não se chamava Sara, lá no início. Na primeira versão da história ela se chamava Hilary e na segunda versão ela se chamava Kristen. Quando transformamos a história em livro, resolvemos ambientá-la no Brasil, por isso trocamos os cenários, cidades, alguns costumes e expressões, piadas e os nomes de todas as personagens. Menos o Brent. Porque ele era muito Brent para que trocássemos o nome dele. (Não foi por causa do Brand.)
Fernanda: Inclusive mudamos a origem inteira do Brent para que ele pudesse continuar intacto, como ele era na fanfic. Então, cuidamos para que a história fosse mais que uma história de amor. Queríamos criar personagens que poderiam ser reais. Sabe quando você sente que a Katniss vai aparecer a qualquer momento pra tomar um café com você, ou que a America da Seleção vai ser sua amiga? Era esse tipo de personagem que queríamos mostrar. Queríamos a Sara assim, gente como a gente.
Adelina: Tentamos transmitir uma mensagem. E, no desenvolver da história, resolvemos focar no crescimento pessoal da Sara. Primeiro com a imaturidade e inexperiência de uma adolescente que acaba de descobrir seu primeiro amor, e o amadurecimento que ela sofreu no decorrer da história e o crescimento pessoal pelo qual ela ainda passará nos próximos volumes da trilogia.

Leio na Rede, Gaby Monteiro

3 - Como foi o processo de escrita? Vocês esquematizaram toda a história antes de começar a desenvolvê-la?

Adelina: Nós tínhamos uma ideia do que precisava ser feito, mas íamos fazendo à medida que cada capítulo ficava pronto para fazer outro que chegasse mais perto do objetivo final. Acontece que isso causa certa confusão e faz com que seja muito fácil ficar perdida. Então, fizemos um sumário (não quer dizer que seguimos a risca, mas dava um norte), e isso ajudou bastante.
Fernanda: Quer saber como foi a experiência? Tenho uma palavra que descreve bem. Caótica. Eu sou extremamente organizada com minhas coisas, e a Adelina... Bem... Ela criou a ideia das consequências de um furacão. Basicamente ela coordena o caos do Coringa. Então quando criamos o sumário com todos os capítulos que deveriam acontecer, foi um alívio pra mim. -Sou chata e metódica. É. UAHUAHUAHU-. E, por causa do cumprimento desse sumário, alguns capítulos do livro foram cortados e ficaram no limbo dos arquivos do meu computador.
Adelina: Por mais que doesse e que achássemos que tudo era necessário, tivemos que cortar para que a história ficasse mais objetiva, e um dos cortes foi a viagem de Sara para Paris. Não dava para colocar tudo dentro do livro, porque ele ficaria muito grande e seria uma história dentro de uma história. Mesmo assim queríamos mostrar a viagem e, para não criar flashbacks ou resumir essa parte da história da Triângulo, optamos pelo Spin off.
Fernanda: Então a viagem de Paris transformou-se em Conexão Paris, um Spin off da Trilogia Triângulo de 4 Lados, e nós estamos finalizando a produção desse Spin Off. Só que nós queríamos agradecer, de alguma forma, a atenção, o carinho e o tempo dedicado por cada leitor nosso, e, por isso, decidimos fazer esse trabalho gratuitamente. O Spin Off será disponibilizado no Blog do livro, numa data a confirmar, e virá com capítulos nas visões dos 4 personagens. Vai ser foda, velho! Eu quero muito que vocês leiam. Vou morrer de ansiedade, daqui até lá! HAHA

4 - Como é a divisão de escrita? Cada uma escreve um capítulo?

Adelina: Foi sempre muito tranquilo escrever em conjunto entre nós duas. É preciso saber aceitar críticas? É sim. Mas são críticas construtivas. Sabe, quando uma faz um capítulo e a outra fala “vou mexer um pouco porque acho que dá pra melhorar”, então, deixamos que a outra o faça, porque é apenas pelo bem da história. Não é uma crítica ao jeito que escrevemos ou uma forma de dizer “ei, eu escrevo melhor que você”. 
Fernanda: Até porque nós crescemos escrevendo juntas, então já sabemos como cada uma funciona. Foi com a Adelina que eu aprendi a receber críticas e fazê-las de forma educada e até mesmo cúmplice. E isso me ajudou muito a absorver coisas boas e más, convertendo-as em algo que me ajude a evoluir. É como numa frase que ouvi por aí, mas não lembro onde, exatamente. Nunca ache que um elogio faz de você o melhor, nem que uma crítica faz de você o pior. Ninguém é perfeito, e ninguém é um fracasso total.
Sobre a divisão de capítulos... Cada uma escreve um. Eu devo confessar que me empolgo de vez em quando e fico fominha de capítulos, mas dividimos igualmente.
      Adelina: Tem capítulo que uma escreve e a outra lê e nem sequer mexe, outros, ela adiciona alguns pontos e outros, muda bastante. É tudo conversado e bem tranquilo. Tentamos fazer de uma forma bem homogênea para não dar muita diferença em um capítulo e outro e temos as nossas manias de escrita, claro, escrevemos sim de forma diferente uma da outra e foi muito gratificante saber que não deu pra reparar muito.

Leio na Rede, Gaby Monteiro
Augusto Alvarenga, Adelina Barbosa, Tales Leon, Lavínia Rocha e Fernanda Medeiros - Editora D'Plácido

5 - Como foi o processo de buscar uma editora?

Adelina e Fernanda: Não foi a parte mais fácil. Existem essas editoras grandes que publicam best-sellers mundiais e são famosas. Mandamos originais, resumos, capítulos, tudo o que elas pediam. Esperamos por dias, semanas, meses. O retorno foi negativo, e quando não era negativo, o preço era alto demais para que pudéssemos arcar com os custos da publicação.
Continuamos batalhando por quase dois anos. A cada resposta, cada silêncio, cada não, ou cada sim com aquele "porém" acoplado, nós fraquejávamos. A verdade é que, em alguns momentos, pensamos em desistir de tudo, sabe? Achávamos que não seríamos capazes. A busca pela editora foi mais desgastante que o processo de criação e execução do livro em si.
Mas era nosso sonho, e um dia ouvimos uma mulher iluminada falar na TV: "Tem um sonho? Insista, nunca desista." Até hoje e enquanto eu viver, vou agradecer a dona Regina Célia por ter compartilhado aquele conselho. Foi ele que nós repetimos a cada dia, e a cada nova batalha. E a verdade é que a Editora D'Plácido foi um presente e um prêmio valioso nesse processo. A editora é fantástica, com profissionais competentes e maravilhosos.
Sempre repetimos que não poderíamos ter encontrado uma casa melhor para dar vida ao nosso livro.
Ps.: Obrigada, Augusto Alvarenga. Nunca vamos parar de te agradecer pela força.

6 -  Como foi adaptar a história da fanfic para o livro?

Adelina e Fernanda: Foi mais difícil do que escrever de fato. Isso porque tivemos que pegar a história do início e reconstruir tudo, até mesmo o nome das personagens. Modificamos toda a estrutura, e esse processo foi o mais lento, porque precisávamos ler todo o manuscrito e costurá-lo de acordo com o que queríamos para a história. Entre as correções de texto estavam a continuidade e as descrições de ambiente e emocionais. Com essas passagens, queríamos que o leitor reconhecesse, de forma legítima, cada pedaço de personalidade de Sara, Brent, Matheus e Rodrigo, e conhecesse cada local como se ele realmente existisse.
Entre as mudanças estavam a cidade, parte da história de vida das personagens, criar personagens novos e alicerçar nosso novo universo. Nosso projeto pode parecer algo ambicioso, mas Santa Fé é mais que uma cidade fictícia. Pode esperar muitas tramas desenvolvidas na mesma linha de realidade de Triângulo de 4 Lados.
Por isso deu bastante trabalho para construir o universo, mas nos empolgamos e, no fim, foi bem tranquilo. Foi divertido!


Fiquem ligados que amanhã tem mais perguntas e respostas com as autoras! Gostaram de conhecê-las um pouco mais? Eu adorei! Não deixe de ler o livro:

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