As pessoas falam, é você quem escolhe se deve escutar ou não. Eu escolhi escutar e, agora, minha voz se confunde com todas as outras.
Esse pensamento é meu? Essa decisão é minha?
Já não sei mais dizer. Toda escolha vem atrelada a um nome suporte, nunca algo sozinho. Por quê? Por que essa necessidade de aceitação?
A sociedade é feita de imagens, padrões e esteriótipos, quando você quebra um, as vozes falam. E não se calam.
Até o momento que concordam em dar um passo para trás, o holofote é meu, a manete de decisões é minha. Estou no centro, estou no controle e... minha voz se cala.
Trava.
Silêncio.
Nada.
O medo é palpável, o silêncio assustador. O peso da decisão esmaga até a respiração e nada se ouve.
Tensão.
Apreensão.
Expectativas.
Um filme começa a rodar e a trilha sonora é composta por diversas vozes, cheias de opinião.
Cada situação, cada dúvida, cada solução já vivida passam em frente ao holofote. Para cada cena, um narrador que auxiliava o personagem principal. Nos sonhos, o protagonista corria, fugia, vivia aventuras que jamais seriam verdadeiras pois eram extremamente opostas à sua imagem.
E enquanto isso no filme dos narradores, minha voz ganhava espaço, respeitando o livre arbítrio do protagonista e se adaptando às novas situações. A imagem de conselheira, responsável e carinhosa era clara nas outras histórias e brilhava em meu holofote também.
Mas repare na injustiça: os outros enredos mudam sem julgamento, sempre com apoio. O enredo que eu interpretava era travado para não fugir do caminho perfeito, da atuação impecável, da super heroína que salva a todos e não encontra problemas.
No filme que é a minha vida, sou apenas protagonista, personagem, atriz. A direção não me pertence.
E quem escolheu essa equipe fui eu.
Fev/2018
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